9.11.06

Caça às bruxas

O Brasil entrou definitivamente na guerra contra pirataria digital. Mas não foi uma ação do governo ou da “população”. São as grandes corporações que estão mostrando as garras. Infelizmente, as ações iniciadas atingem apenas pessoas físicas, indivíduos. A coerção contra alguns casos exemplares visa gerar “medo” nas outras pessoas.

Começou com o anúncio da ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Disco) de que vai processar 20 brasileiros por compartilhamento ilegal de músicas na internet (veja matéria da Folha on-line). São os primeiros casos deste tipo no Brasil. Nos EUA, esse expediente já virou rotina.

Na semana passada, sites que ofereciam legendas para capítulos do seriado Lost foram intimados a retirar os arquivos do ar, ou seriam acionados judicialmente (veja texto da Info on-line). Os sites não ofereciam downloads dos episódios, apenas das legendas (que obviamente seriam utilizadas com vídeos obtidos em outros locais). [Obs: O site LegendaZ retirou as legendas do ar e seus donos estão sendo investigados por outros crimes de pirataria].

Nos dois casos, são mega-corporações processando indivíduos. Provavelmente assalariados que adoram internet, como muitos de vocês, leitores. OK, obter as músicas e filmes na net sem pagar nada é crime contra o direito autoral, mas qual é a eficácia dos métodos adotados?

O Daniel Mello, do LostBrasil, é um super fã que fez e mantém por vontade própria um site todo dedicado ao produto da Sony e da Disney. Os executivos, ao invés de agradecerem ao sujeito, metem um advogado na porta dele. Se tem gente querendo ver Lost no Brasil ao mesmo tempo que nos EUA, por que não oferecer os episódios? É melhor pagar uma firma de advocacia para espalhar o terror do que faturar vendendo os episódios?

A indústria da música nos EUA precisou que uma empresa de outro ramo (a Apple) mostrasse como é possível vender canções na internet de forma rentável. No Brasil, todas as experiências deste tipo fracassam porque as empresas insistem em querer vender um produto que só é bom para elas, não para os consumidores.

A indústria de mídia precisa se reinventar com urgência, e não é com ações deste tipo que ela vai sobreviver aos próximos anos.

-----TECH---DIÁRIO----------

Continua!
Foto: gettyimages royalty free

Comments:
Pô, Gabriel. Disse tudo.

A Indústria só espalha o medo na verdade, porque está morrendo de medo das mudanças e não sabe pra onde vai! O Download de arquivos e filmes está aí. E vai continuar, não há como segurar isso.

Agora, curioso esse caso do Lost. Se não me engano, na temporada passada, o site da emissora até colocava no ar episódios, para download gratuito. (pra moradores do EUA só, acho)

Tem uma outra série, aliás, The Office, que desenvolveu webisodes. Episódios curtinhos especialmente voltados pra internet.

Agora, revoltante essa situação. Os caras deveriam é estimular essa atitude. O envolvimento dos fãs só promove e divulga as séries!
 
Thiago,
no site da emissora do Lost nos EUA é possível ver os episódios em "streaming", isso é, sem baixar os arquivos para sua máquina. Inclusive são exibidos comerciais e propaganda. Mas é verdade, somente conexões identificadas no território americano podem se conectar ao serviço, que é gratuito e exibe episódios atuais.

É mesmo uma atitude horrível (do ponto de vista moral e também mercadológico) processar fãs do próprio produto.

E essa ação do "The Office" mostra que é possível ter uma relação mais saudável entre a indústria de mídia e a internet.
 
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